Vestido a Rigor é um projecto participativo com a comunidade cigana do Bairro Social de Paradinha de Viseu, com o objectivo de dar a conhecer a sua realidade através de uma experiência imersiva. A comunidade cigana tem orgulho na sua etnia e na sua forma de estar na vida. Este orgulho é manifestado em tradições, costumes e leis. É uma etnia marginalizada e sofredora de preconceitos que estão intrinsecamente ligados ao desconhecimento que a sociedade tem desta comunidade tão fascinante quanto enigmática.
Neste projecto propõe-se trabalhar de perto com membros da comunidade cigana da cidade de Viseu, para que num ambiente participativo se possam identificar e desenvolver temas que se tornarão o foco de uma experiência que conta histórias na primeira pessoa e que convida o visitante a colocar-se no lugar do outro. Quando nos vemos «na pele dos outros», vemos também as dinâmicas sociais, políticas e sociais que praticamos sem pensar.
O trabalho será desenvolvido em formato de instalação audiovisual, na qual haverá pontos de «realidade virtual» que utilizam a visualização através de goggles e audio binaural. Este trabalho surge na sequência de outros projectos participativos desenvolvidos por Pedro Rebelo, que incluem Som da Maré, no complexo de favelas da Maré no Rio de Janeiro (2014) e Sou Cigano, com a comunidade cigana de Castelo Branco (2016). A parceria com BeAnotherLab surge no contexto de um projecto de investigação que tem como objectivo a promoção de empatia através de experiências imersivas em torno de comunidades marginalizadas. BeAnotherLab é um colectivo interdisciplinar dedicado ao desenvolvimento de experiências de telepresença.
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Pedro Rebelo é compositor, performer e artista sonoro, activo na área da música de câmara, improvisação e instalação. Doutorou-se pela Universidade de Edimburgo em 2002, onde investigou relações entre a música e a arquitectura. Pedro tem iniciado projectos participativos com comunidades em Belfast e na favela da Maré, Rio de Janeiro. Este trabalho tem resultado em exposições de arte sonora em espaços como o Metropolitan Arts Centre, Belfast, Espaço Ecco, em Brasília, Parque Lage, Museu da Maré, no Rio de Janeiro, e MAC Niterói.
As suas publicações académicas reflectem a sua atitude perante o design e a composição, articulando a prática criativa com um entendimento da cultura contemporânea e tecnologias emergentes. Pedro Rebelo foi professor convidado na Stanford University (2007), professor visitante sénior na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil (2014), e investigador colaborador do Instituto de Etnomusicologia — Centro de Estudos em Música e Dança, Universidade Nova de Lisboa. Teve posições de music chair em conferências internacionais, tal como a ICMC 2008, SMC 2009 e ISMIR 2012. Na Queen’s University Belfast, onde é professor catedrático em artes sonoras desde 2012, teve posições de director de educação, director de investigação e chefe de departamento. Em 2012 foi-lhe atribuído o prémio Building Tomorrow’s Belfast do Northern Bank. Em 2017 será um dos investigadores principais no projecto interdisciplinar Sounding Conflict, financiado pelo Research Council UK para investigar a relação entre som, música e situações de conflito.
BeAnotherLab é um colectivo interdisciplinar internacional dedicado à investigação de experiências corporalizadas e de telepresença. Acreditam que a compreensão do «eu» está relacionada com a compreensão do «outro» e que, mais do que indivíduos, fazemos parte de um sistema mais amplo chamado humanidade. Assente nesta perspectiva, o colectivo procura possibilidades inovadoras nos conceitos de embodied interaction, extended body e extended mind através da combinação de tecnologia digital de baixo custo com relações sociais, web e metodologias da neurociência.
BeAnotherLab é composto por um grupo de artistas antidisciplinar, investigadores e activistas com uma visão alargada em experiência subjectiva, identidade e empatia, focados na compreensão do «eu» e na relação com o «outro».
Receberam o 1.º Prémio Integrated Futures do European Social Innovation Competition, em 2016; o 1.º Prémio Resolução dos Maiores Desafios Mundiais pela Network for Innovations in Culture and Creativity in Europe. (N.I.C.E Award), em 2015. O sistema The Machine to Be Another foi premiado nas áreas da inovação social, arte e contextos tecnológicos. O carácter único baseia-se na criação de histórias que podem ser sentidas através do corpo, e na experiência de gerar um nível mais profundo de reflexão entre o utilizador e as personagens da história. O projecto tem-se focado em documentar a troca entre diferentes perspectivas culturais sobre a vida e relaciona-se profundamente com a herança cultural, a memória e as relações interculturais. Este conhecimento ajudou-os a criar um novo sistema que utiliza indivíduos reais em vez de avatares digitais, permitindo aos utilizadores interagir com a história da vida de cada um. Nos últimos quatro anos, e em mais de 25 países, colocaram esta tecnologia e respectivas metodologias em prática, desenvolvendo-as e testando-as em colaboração com as comunidades locais. O colectivo tem iniciado colaborações a longo prazo com diferentes instituições: UNDP, UN Live Museum, European Capital of Culture 2020 Galway, Human Library Project, CCCB, Bibliotheque du Pompidou, CRI e a Pace University.
www.beanotherlab.org
Vídeos de trabalhos:
_The Machine to Be Another na Cidade de Deus, Rio de Janeiro
_Prémio da EU Social Innovation
_Una máquina le permite habitar el cuerpo de otro por unos minutos @ El País
_The New Virtual Reality: Engage, Empathize, and Educate @ MoMa