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PROXIMIDADE INDEXADA

Artes Visuais | Exposição
Susana Pires


Convite à artista | Sandra Gomes
7.
Local
Rua do Comércio, n.º 118 (Sede dos Jardins Efémeros)

Auscultórios e Pátio Comum, 2011

A comunicação é um movimento de transcendência fundado na incerteza. O que chamamos de entendimento é o próprio fluxo que se estabelece de diferença a diferença, de interrogação a interrogação. A comunicação via dispositivos é caracterizada pela falta de corpo. A interacção protagonizada pela verbalização oral ou escrita exclui os sinais corporais perceptíveis em presença.

Auscultórios. Surgem como um conjunto formal de pequenas peças que pretendem fazer um convite para se ouvir através de um estetoscópio, num objecto aparentemente inerte, vários sons cuja recolha incidiu na ideia de interacção entre indivíduos. Este conjunto de objectos de pequenas dimensões e base têxtil inscreve duas variáveis, uma formal e outra sonora, que usam o estetoscópio como elemento mediador entre a forma, o som e o corpo daquele que a escuta. O bater do coração, o escrever de uma carta, o som do toque, são uma selecção resumida de uma proposta que prevê escutar o som dos corpos em comunicação, de tentar ouvir o que não se ouve quando se usa a oralidade.

Pátio Comum. Em zonas de habitação comum (prédios com dimensões não monumentais e sobretudo arquitecturas não muito recentes, como acontece no centro da cidade de Lisboa), as horas das refeições e, sobretudo, o final do dia são momentos onde geralmente se cruzam sons da vida diária dos habitantes. O arrastar de uma cadeira, o tilintar da loiça, o tocar do telefone, excertos de conversas e, sobretudo, um murmurar de vozes imperceptíveis, são registos dispersos das vidas de uns que invadem as casas de outros. Estes índices comunicativos sob a forma de ruído são o interior de Pátio Comum. Pátio Comum é uma bolha quase esférica, construída com funis invertidos e tecido tendo, no seu interior, uma pequena coluna sonora que permite reproduzir o som da vivência auditiva. Esses ruídos domésticos não procuram uma condução ao seu entendimento, mas a sua descontextualização prevê uma referenciação intuitiva à experiência que cada um tem do seu quotidiano co-habitativo. Os vários orifícios que proliferam e, simultaneamente, constroem esta forma, e dadas as suas dimensões, permitem que esta seja agarrada, explorada e colocada perto do aparelho auditivo, a fim de ser descodificada.

 

**

Susana Pires é natural de Évora, licenciada e mestre em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Frequenta o doutoramento em Belas-Artes na FBAUL e é bolseira da Universidade de Lisboa. Actualmente a sua investigação incide na abordagem inovadora dos têxteis na sua relação com a tecnologia e a arte. Tem participado em diversas exposições individuais e colectivas, nacional e internacionalmente. De destacar a selecção para a exposição internacional Contextile 2016, realizada em Guimarães, assim como a exposição colectiva Fazer Sentido, patente até Janeiro de 2018 na Casa da Cerca, Centro de Arte Contemporânea de Almada.

 

FICHA TÉCNICA

Auscultório 1 (touchsound), 2011

Tecidos, arame, esponja, mp3 e estetoscópio

Dimensões variáveis

 

Auscultórios 2 (listeningletters), 2011

Envelopes, carta escrita, mp3 e estetoscópio

 

Auscultórios 3 (heartbeat), 2011

Tecidos, arame, esponja, mp3 e estetoscópio

Dimensões variáveis

 

Pátio Comum, 2011

Tecidos, funis, coluna de som e mp3

Dimensões variáveis

7.

Auscultórios e Pátio Comum, 2011

A comunicação é um movimento de transcendência fundado na incerteza. O que chamamos de entendimento é o próprio fluxo que se estabelece de diferença a diferença, de interrogação a interrogação. A comunicação via dispositivos é caracterizada pela falta de corpo. A interacção protagonizada pela verbalização oral ou escrita exclui os sinais corporais perceptíveis em presença.

Auscultórios. Surgem como um conjunto formal de pequenas peças que pretendem fazer um convite para se ouvir através de um estetoscópio, num objecto aparentemente inerte, vários sons cuja recolha incidiu na ideia de interacção entre indivíduos. Este conjunto de objectos de pequenas dimensões e base têxtil inscreve duas variáveis, uma formal e outra sonora, que usam o estetoscópio como elemento mediador entre a forma, o som e o corpo daquele que a escuta. O bater do coração, o escrever de uma carta, o som do toque, são uma selecção resumida de uma proposta que prevê escutar o som dos corpos em comunicação, de tentar ouvir o que não se ouve quando se usa a oralidade.

Pátio Comum. Em zonas de habitação comum (prédios com dimensões não monumentais e sobretudo arquitecturas não muito recentes, como acontece no centro da cidade de Lisboa), as horas das refeições e, sobretudo, o final do dia são momentos onde geralmente se cruzam sons da vida diária dos habitantes. O arrastar de uma cadeira, o tilintar da loiça, o tocar do telefone, excertos de conversas e, sobretudo, um murmurar de vozes imperceptíveis, são registos dispersos das vidas de uns que invadem as casas de outros. Estes índices comunicativos sob a forma de ruído são o interior de Pátio Comum. Pátio Comum é uma bolha quase esférica, construída com funis invertidos e tecido tendo, no seu interior, uma pequena coluna sonora que permite reproduzir o som da vivência auditiva. Esses ruídos domésticos não procuram uma condução ao seu entendimento, mas a sua descontextualização prevê uma referenciação intuitiva à experiência que cada um tem do seu quotidiano co-habitativo. Os vários orifícios que proliferam e, simultaneamente, constroem esta forma, e dadas as suas dimensões, permitem que esta seja agarrada, explorada e colocada perto do aparelho auditivo, a fim de ser descodificada.

 

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Susana Pires é natural de Évora, licenciada e mestre em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Frequenta o doutoramento em Belas-Artes na FBAUL e é bolseira da Universidade de Lisboa. Actualmente a sua investigação incide na abordagem inovadora dos têxteis na sua relação com a tecnologia e a arte. Tem participado em diversas exposições individuais e colectivas, nacional e internacionalmente. De destacar a selecção para a exposição internacional Contextile 2016, realizada em Guimarães, assim como a exposição colectiva Fazer Sentido, patente até Janeiro de 2018 na Casa da Cerca, Centro de Arte Contemporânea de Almada.

 

FICHA TÉCNICA

Auscultório 1 (touchsound), 2011

Tecidos, arame, esponja, mp3 e estetoscópio

Dimensões variáveis

 

Auscultórios 2 (listeningletters), 2011

Envelopes, carta escrita, mp3 e estetoscópio

 

Auscultórios 3 (heartbeat), 2011

Tecidos, arame, esponja, mp3 e estetoscópio

Dimensões variáveis

 

Pátio Comum, 2011

Tecidos, funis, coluna de som e mp3

Dimensões variáveis