O trabalho de Gabriela Albergaria envolve um território: a Natureza. Uma natureza manipulada, plantada, transportada, colocada em hierarquia, catalogada, estudada, sentida e lembrada através da exploração contínua de jardins/paisagens culturais em fotografia, desenho e escultura. A artista vê jardins/paisagens culturais como construções elaboradas, sistemas representacionais e mecanismos descritivos que sintetizam um conjunto de crenças ficcionais empregadas para representar o mundo natural. Jardins são também ambientes dedicados ao lazer e ao estudo, processos culturais e sociais que produzem uma compreensão histórica do que é conhecimento e do que é prazer.
As imagens de jardins e de espécies de plantas empregadas pela artista são usadas como dispositivos para revelar processos de mudança cultural através dos quais são produzidas visões da natureza. Mediadas por sistemas de representação, geram diferentes versões do que vemos como paisagem — um sistema complexo de estruturas materiais e hierarquias visuais, construções culturais que definem o enquadramento do nosso campo visual.
A peça é composta por um chão de taipa que ocupa metade da praça (15 cm de altura), e um plinto de taipa com uma árvore viva em cima, com as raízes protegidas, pronta a transplantar. As medidas do plinto e da árvore aproximam-se das medidas do plinto e da estátua existentes na praça. O chão de taipa envolve a estátua e o plinto de taipa, aglutinando o espaço e criando um diálogo entre os elementos.
A criação da peça sonora para a Praça D. Duarte, composta por sons naturais captados no distrito de Viseu, é da autoria de Pedro Tudela.
*Taipa é uma técnica de construção vernacular à base de argila (barro) e cascalho.
Técnica | Taipa*
Sonorização | Pedro Tudela
Coordenação da obra | Nuno Durão (Nuno Durão Arquitectos)
Construção em Taipa | Nuno Vasconcelos
Produção | Cul-de-Sac, L.da
Apoios | Instituto Politécnico de Viseu (Investigação e testes de granulagem da terra em laboratório) Junta de Freguesia do Sátão (Zona de extracção das terras) Ordem dos Arquitectos – Núcleo de Viseu (Divulgação e assessoria técnica)
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Gabriela Albergaria
Gabriela Albergaria é uma artista portuguesa com sede em Lisboa e Londres. Formada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto, realizou numerosas residências, como Künstlerhaus Bethanien, Berlim (2000/2001), Cité Internationale des Arts, Paris (2004), Villa Arson, Centre National d’Art Contemporain, Nice (2008), The University of Oxford Botanic Garden, em colaboração com a The Ruskin School of Drawing and Fine Art, Oxford (2009/2010) e Winter Workspace, Wave Hill Public Garden and Cultural Center, Nova Iorque (2012), Residency Unlimited, Nova Iorque (2015), e Flora ars+natura, Bogotá, Colômbia (2015).
Uma selecção das suas exposições individuais inclui:
/ Substance and Increase de Shinji Turner-Yamamoto e Gabriela Albergaria, comissariada por Gregory Volk, Sapar Contemporary, Nova Iorque (2017)
/ Ah, Al Fin, Naturaleza!, Flora ars+natura, Bogotá, Colômbia (2016) comissariada por José Roca
/ Ah, At Last, Nature, Fundação Eugénio de Almeida, Évora, Portugal (2015) comissariada por José Roca
/ L’espace est une impasse où son temps s’abolit, Kunstverein Springhornhof, Neuenkirchen, Alemanha
/ O Balanço da Árvore Exagera a Tempestade, (Galeria Vermelho, São Paulo), 2014
/ No hay tal cosa como la naturaleza, Hacienda La Trinidad Parque Cultural, Caracas, 2013
/ Reverse Position (Invertir la Posición), Galeria Wu, Lima, 2012
/ Forking Paths, Vera Cortês Art Agency, Lisboa, 2011
/ Térmico, Pavilhão Branco do Museu da Cidade, Lisboa
/ Gabriela Albergaria, Galeria Vermelho, São Paulo, 2010
/ Variações sobre um tema, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, 2008
/ abracadárvore, Museu de Arte Moderna da Bahía, São Salvador da Bahía, 2008.
O seu trabalho foi mostrado em várias exposições de grupo, entre as quais:
/ Two Trees in Balance, Spring Summer Exhibitions at Socrates Sculpture Park, Long Island City, Nova Iorque (2015)
/ Pontos Colaterais: Coleção de Arte Contemporânea Arquipélago, uma seleção, comissariada por João Silvério. Arquipélago — Centro de Artes Contemporâneas, Ribeira Grande, São Miguel, Açores. (2015)
/ Às Margens dos Mares, SESC Pinheiros, São Paulo, Brasil (2015)
/ Acervo. Artistas portugueses en la colección Navacerrada, Centro de Arte Alcobendas, Madrid, Espanha (10/10-05/12, 2014)
/ Prickley, Tender and Steamy, Artists in the Hothouse (Wave Hill Garden, Glyndor Gallery, Nova Iorque, 2014)
/ As Tramas do Tempo na Arte Contemporânea: Estética ou Poética (Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil 2013)
/ 1ª Bienal de Montevideo (2012), Do Not Destroy, Trees Art and Jewish Thought (Contemporary Jewish Museum, São Francisco, 2012)
/ Paisagem na colecção do CAM, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2011)
/ Ecológica, exposição colectiva, comissariada por Felipe Chaimovich, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil. (2010)
/ KURS: THE TREE exposição colectiva, comissariado por Soren Lose, Fuglsang Kunstmuseum, Toreby, Dinamarca (04/09/2009)
Representada pela Galeria Vera Cortês, Lisboa, Portugal e Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil.
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Nuno Durão
Natural de Viseu, 1981. Arquitecto licenciado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Trabalhou no atelier Marc Barani, em Paris, e no atelier Álvaro L. Siza Vieira, no Porto. Criador do atelier Nuno Durão Arquitectos, em Viseu.
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Nuno Vasconcelos
Nasce em Viseu, em 1979. Após a licenciatura em Arquitectura pela Universidade de Coimbra, muda-se para o Porto onde colabora em diferentes escritórios de arquitectura. Desde 2012, vive em Berlim, onde continua a sua actividade como arquitecto freelancer e desenvolve a sua investigação pessoal sobre construção em terra, em especial a taipa, desenvolvendo e experimentando novos conceitos e uma diferente aproximação à forma de construir, trabalhando com equipas multidisciplinares de diferentes áreas. Fundou a plataforma experimental «DOING» learning by doing (2015). Colaborações: António Portugal & Manuel M. Reis Arquitectos — Porto, Portugal (2006/2007) / Correia/Ragazzi Arquitectos — Porto, Portugal (2007/2011) / Eduardo Souto de Moura + Graça Correia — Porto, Portugal (2007/2011) / Alves dos Reis, Andrade & Reguera, L.da — Porto, Portugal (2011/2012) / Lehmbauwerk — Berlim, Alemanha (2014/2016).
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Pedro Tudela
Nasceu em Viseu em 1962. Artista plástico, músico e cenógrafo. Professor Auxiliar na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Membro fundador do colectivo @c (at-c.org). Membro fundador da editora Crónica (cronicaelectronica.org). Em 1987, conclui licenciatura em Pintura pela ESBAP, Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian no período de estudante da Escola Superior de Belas Artes do Porto. Em 2003, presta provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde conclui o Doutoramento em Arte e Design em 2011. Entre 1981 e 1987, enquanto aluno da ESBAP, foi co-fundador do grupo missionário: organizou exposições nacionais e internacionais de pintura, arte postal e performance. De 1995 a 1996, foi autor e apresentador dos programas de rádio Escolhe um Dedo e Atmosfera Reduzida na XFM entre 1995 e 1996. Em 1992, por ocasião da exposição mute… life, funda o colectivo multimédia mute life dept. [MLd]. Dj desde 1992. Colabora com o grupo Virose e em 2000 ingressa na [virose — associação cultural e recreativa]. Expõe com regularidade desde 1981 em Portugal e no estrangeiro. Como artista plástico, é representado pela Galeria Graça Brandão. Participa em diversas mostras, performances e feiras de arte internacionais, desde 1980. Recebeu vários prémios de pintura e desenho, e está representado em museus e colecções.