O trabalho da Albergaria envolve um território: a Natureza. Uma natureza manipulada, plantada, transportada, colocada em hierarquia, catalogada, estudada, sentida e lembrada através da exploração contínua de jardins/paisagens culturais em fotografia, desenho e escultura. A artista vê jardins/paisagens culturais como construções elaboradas, sistemas representacionais e mecanismos descritivos que sintetizam um conjunto de crenças ficcionais empregadas para representar o mundo natural. Jardins também são ambientes dedicados ao lazer e ao estudo, processos culturais e sociais que produzem uma compreensão histórica do que é conhecimento e do que é prazer.
De modo mais geral, as imagens de jardins e de espécies de plantas manipuladas pela artista são usadas como dispositivos para revelar processos de mudança cultural através dos quais são produzidas visões da natureza. Mediadas por sistemas de representação, geram diferentes versões do que vemos como paisagem — um sistema complexo de estruturas materiais e hierarquias visuais, construções culturais que definem o enquadramento do nosso campo visual.
A exposição Endless Infinity parte do convite feito a Gabriela Albergaria para participar na edição dos Jardins Efémeros de 2017, que começou com a concepção da instalação para uma praça pública – a Praça D. Duarte. Trata-se de uma exposição que engloba peças de várias épocas, na sua maioria obras que nunca foram mostradas em Portugal.
O fio comum de cada peça é o interesse que a artista tem na artificialidade da natureza e nos campos de comunicação entre homem e natureza. A natureza enquanto objecto de manipulação. As peças desenvolvem-se em desenho, instalação ou escultura. Algumas foram feitas a partir de elementos e informações recolhidos em e sobre a paisagem de Viseu.
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Fotografia / Ficha técnica:
Endangered and Vulnerable / 2014
42 peças de 40x20cm + caixa de 21x41x4cm
42 desenhos a lápis de cor sobre papel
A partir de uma lista internacional de árvores em extinção, Albergaria criou uma espécie de xiloteca com desenhos monocromáticos de cada uma das madeiras das árvores que constam na lista.
Fotografia: Edouard Fraipont
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Gabriela Albergaria
Gabriela Albergaria é uma artista portuguesa com sede em Lisboa e Londres. Formada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto, realizou inúmeras residências, como Künstlerhaus Bethanien, Berlim (2000/2001), Cité Internationale des Arts, Paris (2004), Villa Arson, Centre National d’Art Contemporain, Nice (2008), The University of Oxford Botanic Garden, em colaboração com a The Ruskin School of Drawing and Fine Art, Oxford (2009/2010) e Winter Workspace, Wave Hill Public Garden and Cultural Center, Nova Iorque (2012), Residency Unlimited, Nova Iorque (2015), e Flora ars+natura, Bogotá, Colômbia (2015).
Uma selecção das suas exposições individuais inclui:
/ Substance and Increase de Shinji Turner-Yamamoto e Gabriela Albergaria, Nova Iorque (2017), comissariada por Gregory Volk, Sapar Contemporary
/ Ah, Al Fin, Naturaleza!, Flora ars+natura, Bogotá, Colômbia (2016), comissariada por José Roca
/ Ah, At Last, Nature, Fundação Eugénio de Almeida, Évora, Portugal (2015), comissariada por José Roca
/ L’espace est une impasse où son temps s’abolit, Kunstverein Springhornhof, Neuenkirchen, Alemanha
/ O Balanço da Árvore Exagera a Tempestade (Galeria Vermelho, São Paulo), 2014
/ No hay tal cosa como la naturaleza, Hacienda La Trinidad Parque Cultural, Caracas, 2013
/ Reverse Position (Invertir la Posición), Galeria Wu, Lima, 2012
/ Forking Paths, Vera Cortês Art Agency, Lisboa, 2011
/ Térmico, Pavilhão Branco do Museu da Cidade, Lisboa
/ Gabriela Albergaria, Galeria Vermelho, São Paulo, 2010
/ Variações sobre um tema, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, 2008 e abracadárvore, Museu de Arte Moderna da Bahia, São Salvador da Bahia, 2008.
O seu trabalho foi mostrado em várias exposições de grupo entre as quais:
/ Two Trees in Balance, Spring Summer Exhibitions no Socrates Sculpture Park, Long Island City, Nova Iorque (2015)
/ Pontos Colaterais: Coleção de Arte Contemporânea Arquipélago, uma seleção, comissariada por João Silvério. Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, Ribeira Grande, São Miguel, Açores (2015)
/ Às Margens dos Mares, SESC Pinheiros, São Paulo, Brasil (2015)
/ Acervo. Artistas portugueses en la colección Navacerrada, Centro de Arte Alcobendas, Madrid, Espanha (10/10-05/12, 2014)
/ Prickley, Tender and Steamy, Artists in the Hothouse, Wave Hill Garden, Glyndor Gallery, Nova Iorque (2014)
/ As Tramas do Tempo na Arte Contemporânea: Estética ou Poética, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil (2013)
/ 1.ª Bienal de Montevideo (2012), Do Not Destroy, Trees Art and Jewish Thought, Contemporary Jewish Museum, São Francisco, (2012)
/ Paisagem na colecção do CAM, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (2011)
/ Ecológica, exposição colectiva, comissariada por Felipe Chaimovich, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil (2010)
/ KURS: THE TREE, exposição colectiva, comissariado por Soren Lose, Fuglsang Kunstmuseum, Toreby, Dinamarca (04/09/2009)
Representada por Vera Cortês Art Agency, Lisboa, Portugal, e Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil.
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