Três naves, três conjuntos de fotografias. Numa primeira nave há a presença de vegetação, que vai colonizando o espaço abandonado. É a vida na sua mais pungente dimensão. À perda de uma actividade humana, segue-se o avanço vegetal, mesmo que as condições de luz, ou a presença de terra, sejam escassas.
Na nave oposta há um conjunto de viaturas que ali terminaram as suas viagens há alguns anos. Propomos o diálogo com essas peças, agora inúteis, através de um conjunto de imagens de veículos, abandonados, acidentados, registadas ao longo de quase trinta anos pelo território português.
Por fim, para contrastar com estas realidades, que aparentemente nada têm em comum, um percurso célere por alguns dos mais notáveis monumentos históricos de Portugal. Espaços monumentais e referências de uma identidade colectiva.
O lugar condiciona a ocupação do espaço. Há a procura de uma imagem de Portugal, ou imagens para Portugal, a partir de uma situação concreta.
Esta é uma reflexão que propomos, pela imagem fotográfica, sobre aspectos particulares de um país, num lugar, no centro de Viseu, que encerra, na sua ruína e abandono, um carácter estimulante, inusitado e perturbador.
Ano | 2016 (com fotografias feitas ao longo das três últimas décadas)
Técnica | Fotografia/impressão, jacto de tinta sobre papel
Bio
Duarte Belo (Lisboa, 1968). Formação em Arquitectura. Desde 1986 que trabalha no levantamento fotográfico sistemático da paisagem, formas de povoamento e arquitecturas em Portugal. Este trabalho continuado deu origem a um arquivo fotográfico de mais de 1.400.000 fotografias e vários livros sobre o tempo e a forma do território português.