Queda livre. Um mergulho na terra, na pedra que se faz mar, lá no fundo onde se preparam cristais. Foi com o centro do planeta, com a força de atracção de cada pedra, a contrastar com a sua frieza e a procurar quebrar separações físicas, que Filho da Mãe se fechou no coro alto do Mosteiro de Rendufe, em Amares, dedicado à feitura de um longa-duração, em comunhão com o Minho. Em Mergulho, também Rui Carvalho se diluiu no tempo e no espaço, tornando permeável o registo que, até então, cunhava como algo só dele — o que partilhou retornou-lhe maduro, melodioso e doce, em contraste com as incursões mais intempestivas e desenfreadas de outros tempos. Mergulho é permeável à pedra, à terra e à gente que o rodeia, é um disco de Filho da Mãe que transpira espaço e transcende dimensões, imergindo-se no bucólico para o desconstruir num exercício de cubismo sónico impregnado de efeitos e das reverberações naturais do cenário improvisado pelos Estúdios Sá da Bandeira. Mergulho foi produzido por João Brandão e é fruto de uma residência artística proporcionada pela associação Encontrarte-Amares. O artwork foi desenhado por Cláudia Guerreiro.
Facebook | https://www.facebook.com/umfilhodamae/?fref=ts
Bandcamp | http://filhodamae.bandcamp.com
Mergulho | http://store.loversandlollypops.net/album/mergulho-2
Myspace | https://myspace.com/filhodamae
Bio
As origens de peso que sustentam a carreira de Rui Carvalho, guitarrista em bandas que impõem respeito, como o são os I Had Plans ou os If Lucy Fell, marcam de forma clara a forma de estar de um artista que extravasa a essência de ser e de viver num outro espectro de expressão — o da tensão.
Assistir a um concerto seu é, portanto, uma experiência que combina o bailado intrínseco entre ele e a guitarra, a tenacidade e amplitude de movimentos com que goza a música que faz e o nervo da dita música, assente num delicado e cuidado equilíbrio, que faz por explorar os limites de um instrumento solitário, mas auspicioso, ambicionando redescobri-lo a cada toque. Plugged ou unplugged, a malha tecida entre acordes e mudanças de tom e de velocidade mantém-nos em suspense, expondo à flor da pele as emoções e os pensamentos que fazemos por ocultar, ou que guardamos para momentos como estes.
“Ele há guitarristas com electricidade lá dentro, e este é um deles”, disse Tó Trips, com razão. É que o que Rui Carvalho faz com uma guitarra justifica plenamente o nome deste seu projecto a solo. Filho da mãe, de facto.