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RED SEES

Artes visuais | Pintura
RED SEES
Francisca Sousa
Local
Rua Direita, 29

Edifício Cortesia de Dr. João Melo Borges

O vermelho tem poderes curativos; poderíamos até falar de uma terapia através da cor. O Mar Vermelho, por exemplo, cura, transforma e concede-nos um ritual de passagem. Derek Jarman acrescenta ainda que o vermelho se protege, sendo a mais territorial de todas as cores: não se atrevam a invadir as suas fronteiras.

Red Sees é um ensaio sobre o vermelho, é uma armadilha para o olhar. Um projecto que fala sobre o domínio dos corpos e sobre demonstrações de poder, invertendo os papéis que nos são socialmente apresentados. Aqui, a figura feminina é simbólica e fisicamente mais forte — pronta para encarar e aguentar ameaças; para impor justiça. Na arte, as demonstrações de poder que nos são exibidas contêm uma carga sexual acrescida, que determina formas de ser e de estar entre mulheres e homens no contexto social em que as obras se inserem. A partir da década de 70, as mulheres artistas começaram a promover o poder sobre o seu próprio corpo que, segundo as suas intenções, não mais voltaria a ser alvo de mero voyeurismo. Contudo, neste projecto são dados, metaforicamente, passos para trás, na medida em que Francisca volta a representar a ideia do controlo sobre o corpo do outro, utilizando a decapitação imaginária masculina para advogar o fim do medo, do trauma e da inferioridade. As mulheres que representa podem relacionar-se, em parte, com as vítimas de feminicídio e com a mulher Anticristo que Lars von Trier nos apresenta no filme homónimo.

Olhos envenenados vêem vermelho. O vermelho vê-nos.

A investigação artística de Francisca Sousa relaciona-se com questões íntimas e sociais tais como o fenómeno contemporâneo da violência e o corpo submisso.

Nascida em 1992, em Viseu, é licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e foi durante um programa de estudos em Londres, na Central Saint Martins, em 2012, que descobriu o interesse pelo vídeo, pela performance art e pela superação dos modelos bidimensionais. Estes novos interesses levaram à conclusão de um mestrado em Arte Multimédia, na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, em 2016, onde apresentou a dissertação «Soft Violence — linguagem e metamorfose».

Recentemente teve uma exposição individual, Série Sem Título, Sob Suspeita, na Division Zero, no Porto; participou em várias exposições colectivas, entre elas na bienal de Valência, Ciutat Vella Oberta 2017, com o vídeo Coreografia do Alfinete, e em residências artísticas (Feinprobe Honigsüss 7, em Wittenberg, na Alemanha). Apresentou também algumas performances a solo como Entretecido, na Fundação de Serralves.