LISTENING IS THE NEW RELIGION
O mundo contemporâneo está sobrecarregado de conflitos intensificados entre nações e em vários segmentos populacionais. As futuras sociedades humanas precisam de aprender a resolver conflitos de interesses, valores e crenças. A aceitação e a tolerância são essenciais para que a humanidade possa viver nos tempos que se aproximam, superar a escassez de recursos naturais e a decadência humana sem precedentes, que origina calamidades naturais. Muitas das religiões praticantes não conseguem encontrar qualquer solução. Neste contexto, é pressuposto desta série de concertos que a raiz de todos os conflitos é essencialmente reflexo da falta de capacidade de ouvir atentamente. Como a filósofa Gemma Corradi Fiumara sugere, uma propensão a ouvir os outros, sem fazer julgamentos imediatos, pode potencialmente levar a ultrapassar as diferenças. A proposta destes concertos é encorajar uma prática de escuta inclusiva e contemplativa como forma de abordar muitas das crises contemporâneas. A ideia é considerar a escuta como um acto criativo, de interacção com o nosso ambiente, e com os vários corpos que o co-habitam, com mais compaixão. A série de concertos incorpora a difusão de gravações de campo em múltiplos canais, sugerindo situações auditivas para uma escuta profunda, e proporcionando um espaço para o envolvimento transcendental e meditativo com lugares, pessoas e realidades marginalizadas.
Trabalhos:
Arithmetic of Distance (2017), duração: 5 minutos
Eye Contact with the City (2010-2013), duração: 17 minutos
The Well Tempered City (2010-2014), duração: 18 minutos
Exile and Other Syndromes (2015-2018), duration: 22 minutos
Decomposing Landscape (2015-2018), duração: 35 minutos
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Budhaditya Chattopadhyay é artista e investigador, doutorado em Estudos Sonoros pela Universidade de Leiden, Holanda. Formou-se na Escola de Cinema Nacional da Índia, especializando-se em Gravação de Som, e tem o grau de Master of Arts em Novos Media/Arte Sonora pela Universidade de Aarhus, na Dinamarca.
Chattopadhyay produz peças sonoras para instalações e performances ao vivo, lidando com questões contemporâneas, relativas à crise climática, à intervenção humana no meio ambiente e à ecologia, à raça e à migração. Conceptualmente, o trabalho de Chattopadhyay questiona a materialidade, a objectividade, o local e a mediação tecnológica do som, e aborda os aspectos da subjectividade, contemplação, atenção plena e transcendência inerentes à escuta. A sua prática artística pretende mudar o ênfase do objecto para a situação, e da imersão para o discurso, no campo da sound art e media art. As obras de Chattopadhyay foram publicadas pelas editoras Gruenrekorder (Alemanha) e Touch (Reino Unido). Recebeu inúmeras bolsas de estudo, residências e prémios internacionais, e as suas obras foram exibidas e apresentadas em várias partes do mundo. A sua obra escrita sobre várias questões relacionadas com estudos sonoros aparece regularmente em jornais internacionais.