A vida tem pessoas dentro, a minha tem muitas.
Hoje a minha vida é uma caixa.
A minha caixa é um livro.
Um livro onde escrevo para lembrar.
Não sei se amanhã vou conseguir ler.
Hoje a minha caixa é um livro, com histórias e memórias. Amanhã serão imagens.
A vida tem pessoas dentro, a minha tem muitas.
Quero-te a ti, quero-os a eles, quero-vos a todos. Quero guardar!
A minha caixa hoje é um livro, amanhã vão ser dez, depois serão vinte.
A minha caixa é um jardim, onde com o tempo crescem memórias.
A vida tem pessoas dentro, a minha tem muitas.
Tenho pressa… não sei que tempo vou ser amanhã.
Tenho pressa!
Quero guardar a vida, quero guardar as pessoas, quero guardar as memórias.
Quero guardar um jardim de memórias para as manter vivas. São tantas!
Tenho pressa, não me quero esquecer.
A vida tem pessoas dentro, a minha tem muitas.
Hoje és uma semente, amanhã uma flor.
Quero guardar a memória para não a perder, quero lembrar, quero poder rever.
Na minha memória estás tu, estão eles, estão eles e elas, está isto e aquilo.
Nas minhas memórias estou eu, estão tantos, está tudo.
A vida tem pessoas dentro, a minha tem muitas.
Vou guardar para não esquecer.
Ano | 2016
Técnica utilizada | Cianotipia
Bio
Paula Magalhães. Viseu. 1976. Mestranda em Fotografia no Instituto Politécnico de Tomar, pós-graduada em Multimédia para Educação pela Universidade de Aveiro e licenciada em Educação Visual e Tecnológica pela ESEV, Instituto Politécnico de Viseu. Desenvolve trabalho na área da imagem, escultura/instalação e impressão de múltiplos.
Dedicou os últimos anos à investigação de processos antigos/alternativos de fotografia. A sua obra explora o equilíbrio entre a razão e a emoção, trabalhando conceitos como o tempo, a memória e a perda dela.