A presente peça pretende funcionar como uma reflexão simples sobre o tema do tempo, ao mesmo tempo que a ilustra. Especificando, o resultado demonstrado numa instalação composta por uma cortina de tecido branco, de orientação sinuosa e serpenteante, funciona como uma instalação lúdica, de inspiração, nomeadamente em música, mais especificamente no conceito de fade.
São Plácidas Todas as Horas que Nós Perdemos
Mestre, são plácidas / Todas as horas / Que nós perdemos, / Se no perdê-las, / Qual numa jarra, / Nós pomos flores.
Não há tristezas/ Nem alegrias / Na nossa vida. / Assim saibamos, / Sábios incautos, / Não a viver,
Mas decorrê-la, / Tranquilos, plácidos, / Lendo as crianças / Por nossas mestras, / E os olhos cheios / De Natureza…
À beira-rio, / À beira-estrada, / Conforme calha, / Sempre no mesmo / Leve descanso / De estar vivendo.
O tempo passa, / Não nos diz nada. / Envelhecemos. /Saibamos, quase
Maliciosos, / Sentir-nos ir.
Não vale a pena / Fazer um gesto. / Não se resiste / Ao deus atroz / Que os próprios filhos / Devora sempre.
Colhamos flores. / Molhemos leves / As nossas mãos / Nos rios calmos,
Para aprendermos / Calma também.
Girassóis sempre / Fitando o sol, / Da vida iremos / Tranquilos, tendo / Nem o remorso / De ter vivido.
Ricardo Reis, in “Odes”
Ano | 2016
Técnica | Instalação/Impressão
Bio
Licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Íris estudou no Porto, tendo prosseguido os seus estudos em São Paulo, no Brasil. Na sua formação, conta também com a actividade de crítica de moda, dança e canto. Natural de Viseu, colabora, desde cedo, com diversos projectos artísticos e musicais (Stereoboy, IVVVO…), tendo também passado por áreas como a publicidade, a fotografia e a direcção artística. Presentemente desenvolve a sua actividade enquanto cantora nos projectos Columbia e Mapamundo, e enquanto produtora, como Íris. Tem um full-time job como designer numa prestigiada empresa de catering para eventos.