O Corpo sem Órgãos (CsO) surge primeiro com Artaut, e torna-se um conceito-chave na filosofia de Deleuze e Guattari. Contudo, não podemos dizer que se trate efectivamente de um conceito ou de uma noção definida, mas antes de um conjunto de práticas. O CsO não se apreende, vive-se.
Declara-se guerra aos órgãos. Eles desempenham funções em organizações hierarquizadas e estão ligados ao corpo anestesiado, à rotina improdutiva, ao corpo que perdeu a capacidade revolucionária. O CsO procura desfazer-se desta organização para produzir uma realidade nova, uma outra forma de sentir e de viver.
Aconselha-se prudência.
“Porque não andar com a cabeça, cantar com os seios, ver com a pele, respirar com o ventre, Coisa simples, Entidade, Corpo cheio, Viagem imóvel, Anorexia, Visão cutânea, Ioga, Krishna, Amor, Experimentação. Lá onde a psicanálise diz: Parem encontrem o vosso ego, será preciso dizer: vamos ainda mais longe, não encontrámos ainda o nosso CsO, ainda não destruímos bastante o nosso ego. Substituam a anamnese pelo esquecimento, a interpretação pela experimentação. Encontrem o vosso corpo sem órgãos, saibam construí-lo, é questão de vida ou de morte, de juventude e de velhice, de tristeza e de alegria. E é aí que tudo se joga”
(Deleuze, Guattari, Mil Planaltos, vol.2)
Ano | 2016
Técnica | Cerâmica
Bio
Liliana Velho. Artista plástica que vive e trabalha em Viseu. Formou-se em Escultura na FBAUL, em 2009. Em 2012, concluiu o mestrado em Ensino das Artes Visuais na ARCA, em Coimbra. O seu trabalho artístico é caracterizado pelo recurso à bidimensionalidade e tridimensionalidade. As suas temáticas oscilam entre a morte e a memória, tendo sempre como personagem principal o ser feminino nas suas diferentes idades/estados.